BEM - VINDO

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Deus te abençoe!

segunda-feira, 24 de março de 2025

Sara, esposa de Abraão - Um olhar além da história.

 Sara, esposa de Abraão – um olhar além da história


Quando olhamos para o momento em que Abraão disse ao Faraó que Sara era sua irmã (Gênesis 12:10-20), muitos estudos tentam justificar sua atitude afirmando que, de fato, ela era sua meia-irmã. Mas, sendo sinceros, essa explicação não diminui a realidade do que aconteceu. A verdade é que Abraão, em um ato de medo, pensou em si mesmo. Ele não considerou os sentimentos de Sara. Em sua fragilidade humana, entregou sua esposa para proteger a própria vida.

E aqui surge uma pergunta inevitável: O que será que Sara sentiu?

A Bíblia não descreve as emoções de Sara nesse episódio, mas podemos imaginar. Como mulher, eu sei o que sentiria. Eu sentiria que não sou tão especial, não sou tão amada, não sou tão importante. A atitude de Abraão poderia ter feito Sara se sentir desprotegida, exposta e vulnerável. Se Deus não tivesse intervindo, algo pior poderia ter acontecido – e talvez, em silêncio, algo já tenha acontecido que o texto bíblico não revela.

Aliás, por que Deus castigaria Faraó e sua casa se ele não tivesse se aproximado de Sara? Essa é uma questão que pode surgir em nossa mente. Sabemos que Deus não é injusto. Sua intervenção foi, acima de tudo, um ato de misericórdia – especialmente por Sara.

E essa história nos leva a uma reflexão mais profunda. Em Efésios 5:25, lemos:
"Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela."

Cristo amou a igreja ao ponto de dar a própria vida por ela. Abraão, porém, fez o contrário: para se salvar, entregou sua esposa. Se Abraão vivesse após a revelação de Cristo e lesse essa exortação, será que não se arrependeria profundamente de sua atitude? 
E ele não fez só uma vez, mas duas vezes (Gênesis 12 e 20) E Deus misericordioso avisou o rei Abimeleque da mentira de Abraão. Deus poupou ao rei e Sara de algo terrível. 


Mas será que Deus as chamou para isso?

Sara, naquele tempo, corria o risco real de ser abusada por aqueles reis aos quais Abraão a entregou. Por que, então, ela aceitou? Por que se calou? Essa pergunta transcende o passado e ecoa em nossos dias.

A história de Sara e Abraão nos lembra que, embora tenhamos exemplos de fé na Bíblia, eles também eram humanos, falhos e limitados. Abraão, o patriarca, o amigo de Deus, também teve medo. Também se sentiu fraco. E, naquele momento, falhou em proteger a mulher que amava. Deus tinha dado uma promessa a Abraão ( Gênesis 12:7), mas Abraão esqueceu. Será que não passou na cabeça dele que Deus é fiel? Que se Deus deu uma promessa, ele é fiel para cumprir e que nada poderia acontecer com ele devido a essa promessa.

Mas, pela graça e misericórdia de Deus, a história não terminou em fracasso. Deus interveio, guardou Sara e reverteu a situação criada pela fraqueza de Abraão.

Refletindo para os dias de hoje

Precisamos falar sobre isso. Precisamos ensinar que submissão não é sinônimo de sofrimento silencioso ou aceitação de abusos. Mulheres são chamadas a caminhar ao lado de seus maridos, como auxiliadoras sábias, que edificam seus lares – mas nunca à custa de sua dignidade ou segurança.
 Efésios 5:25, "Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela." Maridos, protejam e preservem suas esposas. 
Como vocês têm cuidado de suas espoas? De que forma estão protegendo não apenas o físico, mas também o coração, as emoções e a dignidade delas?
Proteger e preservar uma esposa vai além de atitudes externas. Envolve cuidar com palavras, com gestos de respeito, com apoio em momentos difíceis e com uma presença que transmita segurança.

Que cada marido reflita: o que tenho feito para honrar, proteger e preservar a mulher que Deus me confiou?

A história de Sara nos ensina que, mesmo quando as pessoas falham, Deus continua sendo nosso refúgio e defensor. Ele vê, Ele cuida e Ele intervém – ainda hoje – em favor de quem clama por socorro. 

sexta-feira, 21 de março de 2025

Quando o Coração do Cônjuge Precisa de Acolhimento


 Quando o Coração do Cônjuge Precisa de Acolhimento


Enquanto meditava, me lembrei de um homem na Bíblia chamado Elcana, marido de Ana. A Palavra diz que ele era um homem bom e que amava Ana. Mas Elcana também tinha outra esposa, Penina, que lhe deu filhos. Ana, porém, não conseguia engravidar, e isso a deixava profundamente triste.

Ao ver sua esposa chorando, Elcana perguntou: "Por que choras? Por que você está tão triste? Por que não come? Eu não sou melhor do que dez filhos?" (1 Samuel 1:8). Eu até consigo compreender o coração de Elcana – ele amava Ana e, de alguma forma, queria aliviar a dor dela com sua presença e seu amor. Mas, ao mesmo tempo, eu entendo muito mais a dor de Ana.

Por quê? Porque, apesar de Elcana amá-la, ele já era pai. Ele tinha filhos com Penina. Mas Ana, não. No ventre de Ana havia um silêncio doloroso, e nenhuma palavra de conforto seria capaz de preencher aquele vazio.

Essa história me fez lembrar de outro casal: Jacó e Raquel. Em um momento de angústia, Raquel clama: "Dá-me filhos, senão morro!" (Gênesis 30:1). Mas a resposta de Jacó não foi de acolhimento, e sim de irritação: "Acaso estou eu no lugar de Deus, que te impediu de conceber?" (Gênesis 30:2).

Tanto Elcana quanto Jacó não conseguiram compreender a dor silenciosa de suas esposas. Eles as amavam, mas, de alguma forma, não sentiram a mesma falta, porque ambos já tinham filhos com outras mulheres. Era fácil para eles dizer: "Por que você está assim?" Afinal, eles já eram pais. Mas suas esposas ainda carregavam um vazio profundo que não podia ser explicado – apenas sentido.

Sabe o que me chama atenção? A atitude de outro homem da Bíblia: Isaque. Quando Rebeca não conseguia engravidar, ele não a culpou, não a questionou e nem tentou diminuir sua dor. A Bíblia diz que "Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor ouviu a sua oração, e Rebeca concebeu." (Gênesis 25:21).

Quantas vezes, dentro do casamento, um cônjuge sofre em silêncio enquanto o outro, mesmo amando, não compreende a profundidade da dor? Nem sempre há uma solução fácil ou uma palavra que cure, mas há algo que podemos fazer: acolher, abraçar e orar. Às vezes, tudo o que seu cônjuge precisa não é de uma explicação, mas de alguém que diga: "Eu estou com você. Eu vejo a sua dor. E eu vou orar com você."

Que possamos aprender, em nossos casamentos, a não minimizar a dor do outro, mas a caminhar juntos em oração, em compreensão e em amor – porque, quando uma dor é compartilhada, ela se torna mais leve.

segunda-feira, 17 de março de 2025

Mical: Quando as Feridas do Passado Nos Impedem de Celebrar.


Estive meditando em Mical, filha de Saul e esposa de Davi e me fez refletir muito sobre sua trajetória. 

Mical e  sua trajetória na Bíblia revela uma mulher que passou por muitas situações difíceis e, com isso, podemos entender o que pode ter moldado sua atitude amarga naquele episódio em que Davi dançou diante do Senhor (2 Samuel 6:16-23). Vamos explorar esses pontos com mais profundidade.

1. A história de Mical: Uma trajetória marcada por dor e perdas

Mical foi a primeira esposa de Davi e, em 1 Samuel 18:20-27, vemos que ela amava Davi. Isso é algo raro na Bíblia, já que não se fala com frequência sobre os sentimentos das mulheres. Esse detalhe sugere que havia, de fato, um amor genuíno da parte dela no início.
No entanto, a relação deles foi interrompida de forma traumática. Quando Davi precisou fugir  de Saul com a ajuda de Mical para salvar a própria vida, ele deixou Mical para trás. Mais tarde, Saul deu Mical em casamento a outro homem, Paltiel (1 Samuel 25:44). Imagine a dor e a confusão que isso deve ter causado em seu coração – ela passou de esposa amada a um "instrumento político" nas mãos do pai.

Anos depois, quando Davi já era rei de Judá, ele exigiu que Mical fosse devolvida a ele (2 Samuel 3:13-16). O relato bíblico diz que seu segundo marido, Paltiel, chorou ao ser separado dela, o que sugere que houve um vínculo emocional entre eles. Para Mical, esse retorno não foi uma história de "reencontro romântico", mas sim uma reabertura de feridas antigas, sendo novamente tratada como um objeto em negociações políticas.

2. Por que Mical se tornou amarga?

Diante de tudo isso, é compreensível imaginar que Mical acumulou ressentimentos ao longo dos anos. Pense em algumas possíveis fontes de sua amargura:

Perda do amor que tinha por Davi: No início, ela o amava, mas Davi seguiu sua vida, tomou outras mulheres e a trouxe de volta mais por conveniência política do que por amor.

Desprezo e isolamento: Ao ser devolvida a Davi, a Bíblia não menciona nenhum momento de reconciliação emocional ou afeto. Pelo contrário, parece que a relação entre eles se deteriorou.

Sentimento de ser um "peão político": Mical nunca teve controle sobre seu próprio destino – primeiro usada por Saul para tentar prender Davi, depois entregue a outro homem e, mais tarde, recuperada por Davi para fortalecer sua posição como rei.

Observação do sucesso de Davi: Enquanto Davi se tornava cada vez mais poderoso, Mical via de longe esse crescimento sem experimentar qualquer restauração emocional em sua própria vida.

3. O episódio da dança de Davi: Um ponto de ruptura

Em 2 Samuel 6:16-23, quando a Arca da Aliança foi trazida a Jerusalém, Davi celebrou com alegria e humildade, dançando diante do Senhor. Ao ver isso pela janela, Mical o desprezou em seu coração.

A maneira como ela confronta Davi ("Que bela figura fez hoje o rei de Israel!" – 2 Samuel 6:20) revela um tom de ironia, crítica e talvez humilhação. Algumas possíveis razões para essa atitude:

Ciúmes e ressentimento: Ela pode ter sentido inveja ao ver Davi expressando alegria publicamente enquanto, em seu coração, ela estava cheia de mágoa.

Desconexão emocional: O tempo e as feridas emocionais criaram um abismo entre eles. Enquanto Davi celebrava espiritualmente, Mical estava emocionalmente distante.

4. Mical: Uma mulher quebrada em um contexto difícil

Mical não é retratada na Bíblia como uma vilã, mas como alguém que passou por situações injustas e dolorosas. Seu comportamento amargo não surgiu do nada – ele parece ser fruto de um coração que amou, foi traído, usurpado e nunca curado.

A história dela nos lembra que, sem lidar com as feridas emocionais, podemos cair em um ciclo de amargura e críticas. Sua esterilidade simboliza, em muitos sentidos, como a falta de reconciliação e o ressentimento podem nos impedir de gerar frutos espirituais e emocionais.

É interessante quando falamos sobre Mical. Às vezes, ao se pregar sobre ela, parece que há uma certa raiva direcionada a sua figura. E, atualmente, dentro da igreja, tornou-se comum atribuir rótulos como "espírito disso" ou "espírito daquilo". Algumas pessoas chegam a falar em "espírito de Mical", mas a Bíblia não menciona nada parecido. 

Vou me atrever a dizer algo, eu não acredito que um espírito agiu na vida de Mical. O que vejo ali é apenas uma mulher. Um ser humano ferido, machucado, que guardava em seu coração dores e mágoas do passado, que, infelizmente, não foram curadas. Talvez porque ela estivesse tão amarga que fechou seu coração. Nós oferecemos o que temos, e não foi diferente com Mical. A boca fala do que o coração está cheio. (Mateus 12:34) Mical estava cheia de amargura e foi o que ela ofereceu a Davi.

Naquele momento, quando a arca voltava para Jerusalém – símbolo da presença e da glória de Deus – Mical poderia ter se aberto para a alegria daquele instante. Poderia ter se alegrado com o marido, o rei, mas, acima de tudo, com a presença do Senhor voltando para o meio do povo. Contudo, ela escolheu se fechar.

Davi compreendeu a liberdade que só Deus pode dar. Ele não se preocupou com sua posição de rei ou com a opinião alheia. Ele dançou com todas as suas forças diante do Senhor. Mas Mical perdeu essa oportunidade.

E hoje? Quantas mulheres feridas, machucadas e magoadas carregam dores silenciosas em suas almas? Quantas vivem presas em suas emoções, com feridas que nunca foram tratadas? Muitas vezes, julgamos essas mulheres por suas atitudes, mas não sabemos o que está por trás do comportamento delas – as cicatrizes que carregam, assim como Mical.

A Bíblia nos fala claramente sobre escolhas: entre o caminho estreito e o largo, entre a bênção e a maldição. Mical escolheu guardar a amargura no coração. Escolheu resistir. E a Palavra nos adverte a não resistir ao Espírito Santo.

Muitas pessoas, por causa de dores profundas, criam em torno de si uma armadura de proteção. Não porque são ruins ou maldosas, mas porque já foram tão machucadas que, ao se depararem com certas situações – até mesmo dentro da igreja – elas se fecham. Experiências dolorosas, relacionamentos quebrados, abusos emocionais ou espirituais podem fazer com que essas pessoas ergam barreiras para se protegerem.

Mas a verdadeira proteção, a verdadeira cura, só é encontrada na presença de Deus. É ali, no lugar secreto, que encontramos refúgio. É na presença d’Ele que recebemos o óleo que cura, o bálsamo que restaura, o refrigério que alivia as dores mais profundas.

E quantas mulheres, mesmo cristãs, não procuram ajuda psicológica porque foram ensinadas que isso "não é de Deus"? Quantas estão em silêncio, precisando ser acolhidas, tratadas e curadas?

Uma árvore estéril não gera frutos. E um coração endurecido pelas dores não floresce. Mas, quando nos abrimos para o toque do Espírito Santo, quando permitimos que Deus trate as feridas mais profundas, podemos frutificar novamente – em vida, em alegria e em plenitude.

sexta-feira, 14 de março de 2025

A aparência dos vasos


A aparência dos vasos

A Palavra de Deus nos diz: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide-se para que não caia” (1 Coríntios 10:12).

Por que essa advertência está na Bíblia? Porque nós, seres humanos, somos frágeis. Podemos até achar que estamos firmes, que somos fortes, que nada pode nos derrubar. Mas a verdade é que somos passíveis de erro, de queda. E, muitas vezes, nem percebemos o perigo quando começamos a nos sentir autossuficientes, mesmo estando no caminho do Senhor.

Alguns de nós podem começar a se achar mais importantes, mais especiais, mais amados por Deus do que aqueles que estão no mundo. Mas será que Deus nos ama mais por estarmos aqui? Será que há algo em nós que nos torna melhores do que os outros? Não. Se estamos de pé, é unicamente pela misericórdia e pela graça de Deus.

A Bíblia nos compara a vasos de barro. Mas será que apenas o vaso de barro é frágil? O vaso de porcelana ou de cerâmica, que aparentemente é mais bonito e valioso, também é frágil. Se cair no chão, quebra igual ao vaso de barro. (2 Coríntios 4:7) 

Isso nos ensina algo muito importante: o que importa não é o que se vê por fora, mas o que há dentro. Deus não vê como o homem vê. O homem enxerga a aparência, mas Deus vê o coração.(1 Samuel 16:7)

E esse mesmo vaso de barro tem dentro dele um tesouro, mas esse tesouro não é para nossa glória, e sim para a glória de Deus. Tanto o vaso de barro quanto o de porcelana ou cerâmica necessitam de Deus. 

(2 Coríntios 4:7) 

E sabe o que é interessante? Existem pessoas que são vasos de barro e ainda assim se acham autossuficientes. Acham que não precisam tanto assim de Deus. Assim como existem vasos de porcelana que aparentam algo que, por dentro, não são. Mas Deus não se engana com aparências. Ele olha para dentro. E se o que há dentro não agrada a Deus, Ele quebra, Ele limpa, Ele transforma.

Por isso essa passagem é tão importante: “Aquele que está em pé, cuide-se para que não caia”. Porque muitas vezes nos firmamos naquilo que achamos e pensamos, e não naquilo que realmente vem de Deus.

É como uma casa construída na areia. Vêm os ventos, as águas, e ela não aguenta. Ela cai. Assim também acontece com quem pensa que está em pé, mas na verdade está confiando apenas na própria força. 

Mas quando entendemos que somos frágeis, que não somos nada sem Deus, e quando colocamos nossa vida sobre a Rocha, que é Cristo, entendemos que a nossa força não vem de nós, mas de Deus. 

(Mateus  7:24-27)

Se estamos de pé, é porque Ele nos sustenta. Não é porque somos bons, não é porque somos fortes, não é porque merecemos. O mérito nunca será nosso. Sempre será dEle. 

E se cairmos? Deus é poderoso para nos levantar novamente! Ele nos ensina: "Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte"  (1Pedro 5:6-7). Mas que o nosso coração não busque ser exaltado. Que o lugar mais alto onde possamos estar seja aos pés de Jesus.

Porque o que temos, o cargo que ocupamos, onde estamos, isso não significa nada para Deus. Você pode ser um líder de louvor, pode estar no ministério de dança, pode ser professor das crianças, pode estar na intercessão, pode ser pastor, pode ser qualquer coisa. Mas Deus não vê o que você faz. Ele vê o que há dentro de você.

Davi foi escolhido por Deus, ungido como rei pelo profeta Samuel. Mas ele não foi escolhido por sua aparência. Deus escolheu Davi porque viu o coração dele. .(1 Samuel 16:7)

Então, não nos apeguemos à nossa própria força. Porque não importa se somos vasos de barro, de porcelana ou de cerâmica. Se não estivermos em Deus, podemos ser quebrados do mesmo jeito.

Que possamos reconhecer isso. Que possamos nos humilhar diante dEle, depender totalmente dEle. Porque a glória é dEle, sempre foi e sempre será.






o filho mais velho


 Graça e paz

Lucas 15:11-32

Meditando a respeito da parábola do filho pródigo, algo me chamou atenção. Muitas vezes, quando se fala sobre essa parábola, o foco está no filho mais novo – aquele que saiu de casa. Mas, e o irmão mais velho? Aquele que permaneceu no lar com o pai? Parece bonito, não é? Só que não.

O filho mais velho, por mais que tenha ficado, não tinha um relacionamento sincero e genuíno com o pai. O vínculo dele com o pai estava baseado na obrigação, na expectativa de uma recompensa. E isso ficou claro em sua atitude quando o irmão mais novo voltou para casa.

Se o filho mais velho conhecesse o coração do pai, ele jamais cobraria algo. Quem tem intimidade entende o coração de quem ama – e não vive de exigências.

E aqui vem algo importante: o lar que o filho pródigo deixou não era apenas um lugar físico. Esse lar representava descanso, refúgio, segurança, relacionamento. Ao sair, ele estava, na prática, dizendo ao pai: "Eu não quero mais me relacionar com você. O senhor não é mais o meu refúgio, meu lugar seguro." E, assim, ele foi embora.

Mas… e o filho mais velho? Aquele que ficou? Mesmo permanecendo na casa, ele não compreendia que o próprio pai era o verdadeiro lar. Ele não entendeu que o pai era seu lugar de descanso, de refúgio, de segurança – e mais do que isso: o pai era o lugar de relacionamento. Porque quando Deus é o nosso lar, encontramos n’Ele tudo o que precisamos. Estar em Deus significa estar em relacionamento com Ele. E o filho mais velho não viveu essa verdade. Ele estava perto fisicamente, mas longe em seu coração.

E quantos, hoje, vivem assim? Fazem de tudo para Deus, mas não fazem por amor. Estão na igreja, envolvidos em atividades, mas sem um relacionamento verdadeiro com o Pai.

Isso me lembra de Jó. Todas as madrugadas, ele oferecia sacrifícios pelos filhos, preocupado que, talvez, eles tivessem pecado. Jó fazia o que era certo, mas fazia com medo – porque, naquele momento, ele ainda não conhecia a Deus em profundidade. Quem realmente conhece o coração do Pai não vive tentando se garantir por medo. Vive em confiança, em descanso.

E eu me pergunto: será que não estamos agindo como o filho mais velho? Fazendo tudo certo, mas sem conhecer o coração do Pai?

A igreja de Éfeso, em Apocalipse 2:4, foi alertada sobre isso. Tudo parecia bonito e correto – obras, serviço, perseverança – mas algo essencial se perdeu: o primeiro amor. E quando o amor se esfria, tudo vira obrigação, tudo se torna mecânico.

Precisamos voltar. Voltar ao verdadeiro lugar de relacionamento.

Porque Deus não quer apenas o que fazemos para Ele – Ele nos quer. Ele deseja nosso coração, nossa presença. Ele é o nosso lar. Nosso refúgio. Nosso lugar seguro.

E quando entendemos isso, tudo muda.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Frutos Invisíveis


 A ideia de focar nos frutos desconhecidos traz uma paz tremenda para aqueles que, muitas vezes, se sentem invisíveis ou condenados por não verem seus esforços reconhecidos por outros.


Muitas vezes, vivemos em uma sociedade onde somos pressionados a mostrar resultados visíveis, a ter evidências claras do nosso trabalho, do nosso ministério, do nosso serviço. Mas o Reino de Deus não é medido pelos olhos humanos. Existem frutos que são invisíveis aos nossos olhos, frutos que brotam em lugares secretos e que, muitas vezes, só serão revelados no grande dia, diante de Deus.

Esses frutos são aqueles gestos de bondade que ninguém viu, aquelas orações silenciosas em favor de alguém, os momentos de paciência em situações difíceis, as palavras de encorajamento que tocaram o coração de alguém sem que nem soubéssemos. Pode ser o cuidado com a família, com os filhos, o amor demonstrado de maneira simples, mas profunda. Esses são frutos que não se medem com os padrões humanos.

E a beleza de tudo isso é que Deus vê tudo. Ele conhece os corações, Ele sabe as intenções, Ele observa os frutos que nascem nos lugares mais ocultos. Aquele que tem dado a sua vida por Deus, mesmo que não tenha cargos na igreja, ou não seja visto por muitas pessoas, está sim produzindo frutos para o Reino. E esses frutos são preciosos aos olhos de Deus.

Vamos refletir sobre isso, para que ninguém se sinta inferior ou se condene por não ser reconhecido externamente. A nossa confiança deve estar no fato de que, no fim, Deus verá o fruto de cada um, e será Ele quem premiará cada um conforme o seu coração e seu esforço, mesmo que ninguém mais saiba. Esses frutos desconhecidos têm grande valor aos olhos de Deus.


Se os frutos são desconhecidos, como que se vai conhecer a árvore? 
 A passagem de "pelos frutos conhecereis a árvore" realmente nos ensina que os frutos revelam a verdadeira natureza de algo ou alguém, mas o que fazer quando os frutos são invisíveis aos olhos humanos? Como julgar uma árvore que produz frutos que, muitas vezes, só Deus conhece?

 Vivemos em uma sociedade que valoriza o visível, o palpável, o que pode ser mostrado. As pessoas frequentemente julgam e rotulam com base no que podem ver externamente, mas isso não deve ser o critério final. Às vezes, os frutos bons estão em lugares ocultos, em gestos discretos e atitudes silenciosas, que não se traduzem imediatamente em algo que o mundo possa perceber.

O verdadeiro fruto é aquele que é gerado no coração, nas intenções, nas motivações internas. Muitas vezes a árvore não é conhecida pelos frutos visíveis, mas pelos frutos que nascem no silêncio, longe dos holofotes. Não se trata apenas de o que a pessoa faz, mas de quem ela é quando ninguém está olhando.

A chave, talvez, seja entender que a avaliação dos frutos não é nossa responsabilidade. Podemos até perceber alguns sinais, mas o conhecimento profundo e verdadeiro de uma pessoa vem de Deus. Ele é o único capaz de ver o fruto invisível e julgar com justiça. Por isso, o que precisamos fazer não é olhar para os outros com um olhar de julgamento, mas de empatia, sabendo que nem todos estão no mesmo caminho e que, às vezes, os frutos são dados em silêncio, longe dos olhos de quem só vê o externo.

Portanto, a mensagem que podemos levar é a de que, muitas vezes, o que parece estar oculto aos nossos olhos é igualmente valioso para Deus. Ao invés de focarmos no que não vemos, devemos aprender a confiar que Deus vê além, e que os frutos invisíveis também têm sua importância no Seu Reino. 

quinta-feira, 6 de março de 2025

Deixem seus filhos orarem


A Simplicidade da Oração das Crianças

Hoje, ao sair com minhas filhas, vivi algo que me fez refletir ainda mais sobre a forma como ensinamos nossos filhos a orar. Minha caçulinha fez uma oração, e sabe o que aconteceu? Ela simplesmente repetiu aquilo que já ouviu a mãe dizer. Com suas próprias palavras, do jeitinho dela, ela orou com a fé e a certeza de que Deus a ouviria.
Isso me fez pensar sobre como, muitas vezes, achamos que precisamos corrigir ou ensinar demais, quando, na verdade, nossos filhos já estão aprendendo só de nos observarem. Quando uma criança ora e apenas pede algo a Deus, sem mencionar palavras específicas de gratidão, louvor ou adoração, isso não significa que ela não sente essas coisas. Não significa que Deus não está recebendo sua oração com amor.
A fé delas é pura, simples e sincera. E essa simplicidade, essa confiança absoluta, já é um ato de louvor e adoração por si só. Elas oram acreditando que Deus vai responder, sem questionamentos, sem dúvidas. Como pais, precisamos entender que ensinar não é invalidar, mas incentivar. Precisamos ser um reflexo de fé, para que eles aprendam naturalmente, no tempo certo, o que é uma vida de comunhão com Deus.

Que possamos aprender com a fé das crianças, sem torná-la mecânica ou cheia de regras, mas permitindo que elas cresçam sabendo que Deus as ouve, simplesmente porque Ele as ama.

Quando pedimos para nossos filhos orarem, precisamos lembrar que esse é um momento deles com Deus, e não nosso. Muitas vezes, interrompemos suas orações para dizer que não é assim que se faz, que eles só pedem e não adoram, não louvam, não agradecem. Mas será que Deus vê dessa forma?
Se uma criança ora pedindo algo, isso já demonstra que ela tem fé. Ela acredita que Deus a ouve e que Ele pode responder. Isso, por si só, já é um ato de louvor e adoração. Mas nós, adultos, acostumados a querer ensinar tudo, esquecemos de algo essencial: Deus ama ouvir a voz dos nossos filhos, exatamente como ela é.

Quando corrigimos a forma como nossos filhos oram, podemos estar, sem perceber, invalidando a fé deles. Podemos estar fazendo com que pensem que, se não orarem “do jeito certo”, Deus não os ouvirá. E isso não é verdade. Deus se alegra com a sinceridade do coração, e o coração das crianças é puro diante d’Ele.

Então, da próxima vez que seu filho orar, não interrompa, não corrija, apenas diga Amém junto com ele. Mas seja um exemplo. Ore ao lado dele. Deixe-o ouvir você falar com Deus, deixe-o aprender naturalmente. A oração não precisa ser ensinada como uma fórmula, mas vivida como um relacionamento.

Deus se alegra em ouvir a voz dos pequeninos, e nós, como pais, devemos aprender a nos alegrar também.


Com amor!