Sara, esposa de Abraão – um olhar além da história
Quando olhamos para o momento em que Abraão disse ao Faraó que Sara era sua irmã (Gênesis 12:10-20), muitos estudos tentam justificar sua atitude afirmando que, de fato, ela era sua meia-irmã. Mas, sendo sinceros, essa explicação não diminui a realidade do que aconteceu. A verdade é que Abraão, em um ato de medo, pensou em si mesmo. Ele não considerou os sentimentos de Sara. Em sua fragilidade humana, entregou sua esposa para proteger a própria vida.
E aqui surge uma pergunta inevitável: O que será que Sara sentiu?
A Bíblia não descreve as emoções de Sara nesse episódio, mas podemos imaginar. Como mulher, eu sei o que sentiria. Eu sentiria que não sou tão especial, não sou tão amada, não sou tão importante. A atitude de Abraão poderia ter feito Sara se sentir desprotegida, exposta e vulnerável. Se Deus não tivesse intervindo, algo pior poderia ter acontecido – e talvez, em silêncio, algo já tenha acontecido que o texto bíblico não revela.
Aliás, por que Deus castigaria Faraó e sua casa se ele não tivesse se aproximado de Sara? Essa é uma questão que pode surgir em nossa mente. Sabemos que Deus não é injusto. Sua intervenção foi, acima de tudo, um ato de misericórdia – especialmente por Sara.
E essa história nos leva a uma reflexão mais profunda. Em Efésios 5:25, lemos:
"Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela."
Cristo amou a igreja ao ponto de dar a própria vida por ela. Abraão, porém, fez o contrário: para se salvar, entregou sua esposa. Se Abraão vivesse após a revelação de Cristo e lesse essa exortação, será que não se arrependeria profundamente de sua atitude?
E ele não fez só uma vez, mas duas vezes (Gênesis 12 e 20) E Deus misericordioso avisou o rei Abimeleque da mentira de Abraão. Deus poupou ao rei e Sara de algo terrível.
Mas será que Deus as chamou para isso?
Sara, naquele tempo, corria o risco real de ser abusada por aqueles reis aos quais Abraão a entregou. Por que, então, ela aceitou? Por que se calou? Essa pergunta transcende o passado e ecoa em nossos dias.
A história de Sara e Abraão nos lembra que, embora tenhamos exemplos de fé na Bíblia, eles também eram humanos, falhos e limitados. Abraão, o patriarca, o amigo de Deus, também teve medo. Também se sentiu fraco. E, naquele momento, falhou em proteger a mulher que amava. Deus tinha dado uma promessa a Abraão ( Gênesis 12:7), mas Abraão esqueceu. Será que não passou na cabeça dele que Deus é fiel? Que se Deus deu uma promessa, ele é fiel para cumprir e que nada poderia acontecer com ele devido a essa promessa.
Mas, pela graça e misericórdia de Deus, a história não terminou em fracasso. Deus interveio, guardou Sara e reverteu a situação criada pela fraqueza de Abraão.
Refletindo para os dias de hoje
Precisamos falar sobre isso. Precisamos ensinar que submissão não é sinônimo de sofrimento silencioso ou aceitação de abusos. Mulheres são chamadas a caminhar ao lado de seus maridos, como auxiliadoras sábias, que edificam seus lares – mas nunca à custa de sua dignidade ou segurança.
Efésios 5:25, "Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela." Maridos, protejam e preservem suas esposas.
Como vocês têm cuidado de suas espoas? De que forma estão protegendo não apenas o físico, mas também o coração, as emoções e a dignidade delas?
Proteger e preservar uma esposa vai além de atitudes externas. Envolve cuidar com palavras, com gestos de respeito, com apoio em momentos difíceis e com uma presença que transmita segurança.
Que cada marido reflita: o que tenho feito para honrar, proteger e preservar a mulher que Deus me confiou?
A história de Sara nos ensina que, mesmo quando as pessoas falham, Deus continua sendo nosso refúgio e defensor. Ele vê, Ele cuida e Ele intervém – ainda hoje – em favor de quem clama por socorro.
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