Quando o Coração do Cônjuge Precisa de Acolhimento
Enquanto meditava, me lembrei de um homem na Bíblia chamado Elcana, marido de Ana. A Palavra diz que ele era um homem bom e que amava Ana. Mas Elcana também tinha outra esposa, Penina, que lhe deu filhos. Ana, porém, não conseguia engravidar, e isso a deixava profundamente triste.
Ao ver sua esposa chorando, Elcana perguntou: "Por que choras? Por que você está tão triste? Por que não come? Eu não sou melhor do que dez filhos?" (1 Samuel 1:8). Eu até consigo compreender o coração de Elcana – ele amava Ana e, de alguma forma, queria aliviar a dor dela com sua presença e seu amor. Mas, ao mesmo tempo, eu entendo muito mais a dor de Ana.
Por quê? Porque, apesar de Elcana amá-la, ele já era pai. Ele tinha filhos com Penina. Mas Ana, não. No ventre de Ana havia um silêncio doloroso, e nenhuma palavra de conforto seria capaz de preencher aquele vazio.
Essa história me fez lembrar de outro casal: Jacó e Raquel. Em um momento de angústia, Raquel clama: "Dá-me filhos, senão morro!" (Gênesis 30:1). Mas a resposta de Jacó não foi de acolhimento, e sim de irritação: "Acaso estou eu no lugar de Deus, que te impediu de conceber?" (Gênesis 30:2).
Tanto Elcana quanto Jacó não conseguiram compreender a dor silenciosa de suas esposas. Eles as amavam, mas, de alguma forma, não sentiram a mesma falta, porque ambos já tinham filhos com outras mulheres. Era fácil para eles dizer: "Por que você está assim?" Afinal, eles já eram pais. Mas suas esposas ainda carregavam um vazio profundo que não podia ser explicado – apenas sentido.
Sabe o que me chama atenção? A atitude de outro homem da Bíblia: Isaque. Quando Rebeca não conseguia engravidar, ele não a culpou, não a questionou e nem tentou diminuir sua dor. A Bíblia diz que "Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor ouviu a sua oração, e Rebeca concebeu." (Gênesis 25:21).
Quantas vezes, dentro do casamento, um cônjuge sofre em silêncio enquanto o outro, mesmo amando, não compreende a profundidade da dor? Nem sempre há uma solução fácil ou uma palavra que cure, mas há algo que podemos fazer: acolher, abraçar e orar. Às vezes, tudo o que seu cônjuge precisa não é de uma explicação, mas de alguém que diga: "Eu estou com você. Eu vejo a sua dor. E eu vou orar com você."
Que possamos aprender, em nossos casamentos, a não minimizar a dor do outro, mas a caminhar juntos em oração, em compreensão e em amor – porque, quando uma dor é compartilhada, ela se torna mais leve.

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