Nem Toda Entrega É Santa

Nem Toda Entrega É Santa:
O Perigo de Romantizar Ruth e Se Perder de Si Mesma
Todo mundo conhece a fala de Ruth.
Aquela que é citada em casamentos, em legendas de fotos, em devocionais sobre fidelidade.
Aquela que diz:
> “Aonde fores, irei; onde pousares, ali pousarei.
O teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus.
Onde morreres, morrerei, e ali serei sepultada...”
Bonito, não é?
Sim. É bonito. É poético.
Mas também pode ser perigoso — se lido fora do seu contexto.
Quando essa fala é interpretada como modelo emocional para todos os relacionamentos, como se todas as mulheres tivessem que agir assim para serem fiéis, muitas acabam se anulando, se perdendo, adoecendo.
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Relacionamentos que enterram a identidade
Hoje, inúmeras mulheres vivem exatamente assim:
– Entregam-se por inteiro,
– Seguem o outro até o fim,
– Esquecem de si mesmas,
– E acreditam que isso é fé.
Mas o que parece fidelidade, muitas vezes, é apenas dependência emocional travestida de espiritualidade.
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Ruth não é um molde — é um relato
Ruth viveu algo específico, num tempo específico, para cumprir um plano específico de Deus.
Deus usou sua escolha para conduzir uma linhagem profética que culminaria em Jesus.
Mas isso não significa que cada decisão de Ruth seja um modelo obrigatório para as nossas relações hoje. Seja de amizades ou relacionamentos amorosos. Até mesmo no meio da família, casamento.
> Ruth declarou fidelidade a Noemi,
não diretamente a Deus.
É aqui que mora o risco:
Pessoas que reproduzem esse tipo de entrega com seus parceiros, líderes, amigos, sogras, pais…
… e acabam se anulando totalmente.
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Um caso real que revela o risco
Uma moça temente a Deus começou a orar por um futuro marido.
Um rapaz passou a frequentar a igreja, demonstrou interesse por ela, aceitou Jesus, se envolveu nas atividades da comunidade.
Eles começaram a namorar.
Ficaram noivos.
Aos olhos de todos, eram o “casal Ruth e Boaz”.
Mas no dia do casamento civil e religioso junto, no altar, ele olhou para ela e disse: “Olha bem para tudo isso… porque vai ser a última vez que você coloca o pé nesta igreja.”
Ela ao ouvir isso virou e disse para todos os presentes que não iria ter mais casamento e disse para ele:
“Eu não vou casar com você.”
Agora pense:
Ele seguiu os passos de Ruth, emocionalmente.
– Adotou o Deus da moça.
– Conviveu com o povo dela.
– Participou de tudo.
Mas no fundo… tudo era falso.
Era manipulação.
Não era entrega a Deus — era estratégia para possuir alguém.
E se essa moça tivesse sido cega?
Se tivesse se entregado como Ruth?
Aquela ameaça teria se cumprido.
Ela teria perdido tudo: sua fé, seu altar, sua identidade.
Deus é um Deus de alianças — mas não de prisões emocionais
Sim, Deus é um Deus de alianças.
Mas Ele nunca pediu que você deixasse de ser você para pertencer a alguém.
Ele não exige que você morra emocionalmente para manter um relacionamento.
Ele não diz que se anular é prova de fé.
Jesus veio para restaurar a identidade, não para enterrá-la no coração de outro.

Uma oração que coloca tudo no lugar
Uma vez, ouvi uma oração linda — talvez a mais lúcida já feita sobre relacionamentos:
> “Senhor, me dá alguém que Te ame mais do que a mim.”
Essa é a oração de quem não quer ser idolatrada nem idolatrar.
É o pedido de alguém que deseja um relacionamento saudável, onde Deus está no centro, e não o outro.
Alguém que entende que só quem ama a Deus de verdade, sabe amar de forma madura, livre e equilibrada.
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Conclusão: Nem toda aliança é de Deus
Não copie Ruth por carência.
Não se entregue a ninguém por medo de ficar só.
Não imite atitudes emocionais e espirituais sem discernimento.

Nem toda entrega é santa.

Nem toda fidelidade é saudável.

Nem todo relacionamento é de Deus.
Ruth teve um propósito.
Você também tem.
Mas o seu propósito começa em Deus, não em alguém.