Provavelmente esse é o meu mais profundo arrependimento, de não ter segurado mais a mão dela.
Não significa, é claro, que eu nunca
segurava a mão dela. É provável, contudo, que eu não o tenha feito tão
frequentemente quanto ela gostaria. Segurar a mão dela comunica a ela de
uma maneira simples, porém profunda, que nós estamos conectados. Tomar a
mão dela é dizer: “Eu sou grato por nós sermos uma só carne”. Tomar a
mão dela me diz: “Essa é osso dos meus ossos, carne da minha carne”. É
uma liturgia, um hábito ordinário que lembra de ver mais claramente a
extraordinária realidade de dois sendo feitos um. Mesmo em momentos de
dificuldade ou discordância, isso teria comunicado: “Passaremos por isso
juntos. Não largarei”.
Isso também teria lembrado a nós ambos
da secreta, mas feliz verdade que escondemos um do outro; aquela
realidade oculta que é tanto um constrangimento quanto uma vertiginosa
alegria: que nós somos apenas crianças. O fato de termos filhos,
pagarmos hipotecas, enfrentarmos dificuldades do tamanho do mundo adulto
nunca muda, de fato, o que somos por dentro. Segurar a mão ela era como
andar saltitante no parque. Segurar a mão dela era como piscar para
ela, como quem quer dizer: “Eu sei que você também é só uma criança.
Vamos ser amigos”.
Por outro lado, segurar mais a mão dela
teria comunicado a nós dois meu próprio chamado de guiar tanto ela
quanto a nossa casa. O ato de segurar a mão é uma maneira de dizer tanto
“você está segura comigo”, quanto “siga-me em uma aventura!” Isso teria
me lembrado de que não existe renúncia, não existe fuga, não há como
retroceder diante da responsabilidade, e enquanto eu a conduzia, seria
um constante lembrete de que eu conduzo não por amor a mim, mas por amor
a ela.
Segurar mais a mão dela teria falado com
clareza ao mundo que nos observa. Teria comunicado: “Existe um homem
que ama a sua mulher”. Fico triste com o fato de que tantos só descobrem
isso após sua esposa ter falecido. Contudo, talvez acima de tudo, eu
gostaria de ter segurado mais a mão dela para que eu ainda pudesse
sentir isso mais claramente. Queria que tivesse sido um hábito tão
constante, que até agora minha mão estivesse no formato que ficava
quando eu segurava na mão dela toda vez que eu entro no carro. Queria
que eu pudesse cair no sono sentindo a mão dela na minha.
Eu sei de tudo isso, felizmente, porque
eu segurei a mão dela. Eu recebi todas as bênçãos descritas acima. Eu só
queria que tivesse recebido mais delas. Não custa nada e produz
dividendos até hoje. Se, para você, não é tarde demais, faça o
investimento. Segure a mão dela sempre que tiver uma chance. Você não
vai se arrepender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário