BEM - VINDO

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Deus te abençoe!

quinta-feira, 15 de maio de 2025

A Ovelhinha - Deus viu Bate-Seba


 A Ovelhinha— Deus viu Bate-Seba


Eu tentei, sabe... tentei limpar a barra de Davi. Mas quanto mais eu olho pra história, mais percebo: não tem como. Ele era o rei. Ele tinha poder. Ele sabia que ela era casada. E mesmo assim mandou chamá-la. Ela não foi até ele por vontade própria. Ele a trouxe. Ele a tomou. Ele sabia o que estava fazendo.


E ela? O que poderia dizer? “Meu rei, eu sou casada. Isso é adultério. Isso é pecado. Isso é sentença de morte.” Você acha mesmo que ela teria voz pra isso? Diante de um rei? Diante de alguém que podia decidir o destino dela e de seu marido?


E o que Davi fez? Matou Urias. Matou o marido dela. Um homem fiel, leal, honrado. E tomou a mulher dele como esposa. Que prova maior precisamos de que ele era capaz de cometer os atos mais absurdos?


Mas sabe o que mais me toca? É como Deus olhou para Bate-Seba.


Ela não foi chamada de mulher de Davi, mesmo depois de casada com ele. Lá em Mateus 1:6, na genealogia de Jesus, ela é mencionada como “a mulher de Urias”.


Isso me quebra por dentro. Me toca profundamente.

Porque é como se Deus dissesse:


 “Ela não é propriedade do homem que a tomou. Ela permanece, aos Meus olhos, a mulher do homem que a amava. A mulher que foi injustiçada. Eu honro a história dela.”

E então vem o profeta Natã. A parábola da ovelhinha.

Que coisa mais linda.

A ovelhinha dormia no colo, comia do prato, bebia do copo. Era única. Era amada. Era parte da casa.

E foi tirada.

Deus não disse: “Vocês pecaram.”

Deus disse: “Tu és este homem.”

Davi foi confrontado. Não ela.

Ela foi protegida até na parábola.

Ela era a cordeirinha.

Ela sofreu, sim. Perdeu o filho. Chorou.

Mas depois...

Deus permitiu que ela gerasse Salomão.

E a Bíblia diz: “E o Senhor o amou.”

Um novo começo. Um sinal de graça.

Deus ainda estava com ela.


Essa história me faz pensar:

Quantas mulheres já foram vistas como culpadas quando, na verdade, foram vítimas?

Quantas cordeirinhas existem por aí, que só o céu reconhece?

Mas Deus vê.

Deus conhece a verdade por trás dos muros do palácio.

Deus não esquece o nome das injustiçadas.

Deus não apaga a história das mulheres feridas.


Ela será sempre lembrada como a mulher de Urias.

Porque, aos olhos de Deus, ela nunca foi de outro.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Agar, a mulher invisível


Agar, a mulher invisível

Amo refletir sobre Agar.
Agar, a mulher invisível.

Ela só foi notada quando serviu como uma espécie de “incubadora”. Quando pensou que finalmente seria vista e valorizada, por estar grávida de Abraão, o patriarca, sentiu-se importante — e acabou desprezando Sara, sua senhora (Gênesis 16:4-5). Mas não seria natural que uma mulher que sempre foi invisível, escrava, e agora carregava o filho do “pai da fé”, sentisse que havia se tornado especial?

Pobre Agar… mal sabia que continuaria sendo invisível.
Abraão diz a Sara: “Ela é tua serva; faze dela o que bem te parecer aos teus olhos.” (Gênesis 16:6)
Ágar foge para o deserto, grávida.

Mas ali, no deserto, ela é encontrada!
Um anjo, da parte de Deus, aparece a ela e a chama pelo nome (Gênesis 16:7-8).
Sim, Deus conhecia Agar. Deus a via.
Ela então declara: “Tu és o Deus que me vê.” (Gênesis 16:13)
Foi a única mulher na Bíblia a dar um nome a Deus.

O anjo a orienta a voltar e se humilhar — não porque Deus se agrada do sofrimento ou da humilhação, mas porque “aquele que se humilhar será exaltado” (Tiago 4:10).

Agar recebe de Deus uma promessa. Ela volta e dá à luz Ismael. E esse nome não foi escolhido por Abraão, mas por Deus (Gênesis 16:11).

A Bíblia não diz que Ismael era um irmão maldoso. Diz apenas que ele zombava de Isaque (Gênesis 21:9).
Mas, no original hebraico, esse verbo pode significar zombar, rir, brincar…
Sara, como mãe protetora, não gostou do que viu. Então disse a Abraão:
“Mande embora essa escrava e seu filho, pois o filho desta escrava não será herdeiro com meu filho, Isaque.” (Gênesis 21:10)

Foi duro. Ela não disse “Agar” ou “Ismael”. Disse “essa escrava” e “seu filho”.
Mas esse filho tinha nome. E essa mulher também.
Ela era mãe de Ismael, o primogênito de Abraão.

Abraão os expulsou, entregando apenas um jarro de água e um pouco de pão (Gênesis 21:14).
A provisão humana é limitada, fraca, escassa.
No deserto, eles chegaram ao fim da força. E quando a água acabou, Agar, para não ver o menino morrer, afastou-se dele e chorou (Gênesis 21:15-16).

Mas ela não chorou sozinha.
Deus ouviu o choro do menino. E viu, mais uma vez, a dor da mãe (Gênesis 21:17).

E Deus interveio.
Abriu fontes no deserto.
Supriu. Sustentou.
Porque a promessa que Ele havia feito a Agar de que faria de Ismael uma grande nação ainda estava de pé (Gênesis 21:18-21).

Se dependesse de Abraão, Agar e Ismael teriam morrido.
Mas Deus não permitiu.

Deus é aquele que vê os invisíveis.
Aquele que abre fontes no deserto.
Aquele que cumpre promessas.
Aquele que é fiel.

Ao olhar para a história de Agar e Ismael, vejo que até os homens e mulheres de Deus podem errar. Podem ser injustos. Podem ser egoístas.

Mas Deus continua sendo justo, fiel e bom.
Agar foi invisível aos olhos de Sara e de Abraão…
Mas nunca foi invisível aos olhos de Deus.